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domingo, 3 de março de 2013

Unloveable




07/01/2013

“I know I’m unloveable, you don’t have to tell me. I don’t have much in my live, but take it, it’s yours… I wear black in the outside, cause black is how I feel on the inside… If I seem a little strange, that’s because I am.”
(Unloveable – The Smiths)

Alguns últimos acontecimentos têm me feito perceber o quanto é difícil ser “amável”. Sim, no sentido de fazer as pessoas te amarem. Não importa o quanto você tente, me parece que as pessoas só se aproximam de você se tem algum interesse. Qualquer que seja.  Digamos que eu seja o tipo de pessoa que não desperte muitos interesses: não tenho aquela beleza padronizada, não tenho dinheiro, não tenho influências. Só tenho a mim.
Vinte anos e alguns meses de vida me fizeram parar pra pensar em como é complicado se relacionar com qualquer pessoa. No meio familiar, sempre há aquele confronto do que eles acham o que é melhor pra você, e o que você mesmo acha que é melhor pra si, e isso causa atritos, muitas vezes até fatais. Com amizades é mais complexo, há todo um protocolo que você tem que seguir pra ser um bom amigo, e a regra principal é não ser suscetível a erros: errou, dançou. Não importa o quanto você ame a pessoa, não importa o que já tenha feito por ela. Se errou, todo o crédito é apagado, e rapidamente você se torna uma pessoa asquerosa. E na vida amorosa, é o que é mais complicado. Há uma série de fatores sociais que te tornam uma pessoa “atraente”, que claro, vai de acordo com o gosto de cada um: vestir-se bem, ser educada, bonita, estar sempre arrumada, em dia com a academia, ser meiga, ter lido livros clássicos, ouvir música de boa qualidade... Enfim, tudo isso que te reduz à condição de um pote de maionese: está na vitrine, rotulado: quem estiver interessado, escolherá a marca de acordo com o gosto.
Infelizmente, eu nunca soube estar nessa condição. Eu nunca quis que vissem em mim algo padronizado, igualzinho, sempre quis ser única. Mas, como todo produto sem um rótulo colorido e chamativo, nunca nem prestaram atenção em mim. A não ser, é claro, aqueles que tentam comprar um produto sem rótulo por um preço mais barato. Me sinto como se fosse um produto de liquidação: aquele que foi rejeitado por todos, e alguém compra simplesmente porque não tem tanta procura, mas sempre acha que não será bom o suficiente, e não compraria caso tivesse dinheiro pra comprar aquele com rótulo, o que todo mundo procura... Quando nem sabe qual é o conteúdo do que está sem o rótulo, nem sabe se é melhor. 
Ando cansada de relacionamentos com qualquer tipo de pessoa: tudo me entedia. É difícil ser diferente em um mundo de iguais. É difícil colocar todo o seu amor pra fora quando ele não é tratado como merece. E conversar sobre isso com qualquer outra pessoa é insuportável: sempre me aparecem com aqueles clichês de “você tem uma auto-estima muito baixa, você não se aceita, você liga demais pra o que os outros falam”, mas porra, como não ligar? Estou cercada por bombardeios de pessoas que passam vinte e quatro horas dos seus dias dizendo como minha vida seria diferente se eu fosse assim, se eu fosse assado, se eu vestisse tal roupa, se eu emagrecesse tantos quilos, se eu mudasse meu cabelo, se eu fizesse tal tratamento de pele, se eu escutasse tal música, se eu mudasse meu jeito de pensar e agir, se eu isso, se eu aquilo... Então quer dizer que eu só posso ser feliz quando eu aceitar um rótulo e não for mais eu? 
Pois prefiro continuar inamável. É minha zona de conforto, e eu não vejo nenhum problema nisso. Eu sei que vou continuar amando quieta, que vou continuar fantasiando histórias de amor que nunca vão acontecer. Que vou ficar com medo constante de perder as pessoas que consegui conquistar, mas essa sou eu: uma eterna inamável. E quem quiser ficar por perto, que se acostume com essa minha condição, pois eu não estou disposta a mudar por seu ninguém.



 
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